Arraiá no Museu da Maré

Eventos

Por Diana Osório, Pablo de Paula e Vitória Ellen

A Maré é formada por uma imensa gama de nordestinos. Além do espaço de potência e resistência, o bairro acolhe em seu território uma extensiva pluralidade, que provém das diferentes origens dos moradores. A diversidade encontrada perpassa todas as esferas da localidade, trazendo em sua trajetória eventos para histórias e memórias do bairro. É nesta perspectiva que podemos evidenciar a relevância das festas juninas e julinas, bastante valorizadas no nordeste, que atravessam o solo mareense. Esses eventos contribuem para reforçar identidade e ajudam a levar alegria. E foi exatamente nesse ritmo de festividades que o Museu da Maré apresentou, no dia 13 de julho, o “Arraiá do Museu da Maré”. A comemoração contou com ilustres apresentações, comidas típicas, danças, músicas ao vivo, brincadeiras e uma encantadora decoração.

O “Arraiá do Museu da Maré” teve início às 18h, recebendo famílias inteiras que foram festejar e prestigiar. Para combinar com a colorida decoração, os moradores e visitantes estavam vestidos à caráter: blusas de xadrez, alguns com botas, chapéus de palha… Uma verdadeira festa! Ao som de músicas típicas de São João, reproduzidas pelo DJ Yago, também houve diversas atrações no Arraiá, com destaque para os grupos Maré Batuque, Carimbolando, grupo de hip hop e Maréconjah.

Grupo Carimbolando ajudou a colorir a noite. Foto: Pablo de Paula.

 

Grupo Maré Batuque botou todo mundo pra dançar. Foto: Pablo de Paula.

Atrações para todas as idades e gostos

O professor do grupo de hip hop, Claudio Marcio, morador da Vila dos Pinheiros, conta a sua experiência ao levar a música e dança para os jovens da comunidade e fala sobre a apresentação escolhida para o evento: “O sentimento que eu tenho, quando o jovem faz atividade cultural, é que ele primeiramente se encontra e identifica-se em sua atividade, e isso é muito importante. Nessa apresentação fizemos aquela mesclagem de músicas de hip hop, contemporâneas e típicas de festas juninas. Eles se sentem pertencentes à cultura e agregam conhecimentos”. A maioria dos artistas convidados residem no Conjunto de Favelas da Maré, o que mostra mais uma vez a pluralidade e a conformidade dos próprios moradores em trazer uma festa completa e potente para o território.

Dança das cadeiras divertiu a criançada! Foto: Vitória Ellen.

Além das atrações musicais, havia barracas de comidas típicas, bebidas e brincadeiras como boca do palhaço, pescaria e pula-pula. Foi a felicidade da criançada! Responsável pela pescaria na festa, Thamires Ribeiro, moradora da Baixa do Sapateiro, é professora voluntária do curso pré-vestibular do CEASM. Questionada sobre o porquê de os moradores gostarem do Arraiá do Museu, respondeu: “Gostam pela dança, comidas típicas, bebidas, o clima, alegria e pelo afeto”. E os adultos também se divertiram em brincadeiras como dança das cadeiras, casais com bola na testa e até casamento.

E todo mundo entrou na grande roda da quadrilha! Foto: Pablo de Paula.

Wagner Lima, também professor voluntário do CEASM, mora na Vila do João e relatou a importância de rever os amigos e alunos – e o quanto a canjica estava gotosa! “Sempre que eu posso, venho prestigiar o Museu, inclusive sempre recomendo para as pessoas que não moram aqui. O Museu apresenta um espaço interessante e é propício justamente para esse tipo de evento, então poderia ter mais de um evento como esse. Eu estou gostando de rever pessoas que eu não via há muito tempo, estou gostando de tudo, e como eu sou fominha eu gostei das comidas. A canjica é imprescindível e eu já comi”. Qualidade e preço justo foram alguns destaques para Joyce Rodrigues, que mora no Parque Maré: “Eu estou gostando, está cheio, as comidas são gostosas, o preço da cerveja está bom… está um evento bacana e o local e as pessoas contam muito nisso!”. O evento também atraiu quem vem de longe: Renato Custódio é paulista e está na Maré fazendo parte do projeto Make Life skate life: “Um amigo me convidou, disse que seria no Museu da Maré e eu já tinha interesse de conhecer, juntei o útil ao agradável. O Museu conta a história de toda Maré, com fotos, até palafitas…”, relatou, satisfeito com a primeira visita.

Encontro de amigos com muita comida e bebida boa. Foto: Vitória Ellen.

Espaço de história e resistência

Lucas de Medeiros, do Morro do Timbau, é outro morador que reconhece a resistência do Museu da Maré e a importância de uma festa como o arraiá: “No Museu a gente vem trazendo essa questão de estabelecer que o espaço é nosso, então um arraiá, um sarau, você trazer a população da Maré pra cá e dizer que a gente tem o Museu é algo sensacional! Por isso hoje foi tão incrível, e acho que deu superlotação”. E no meio dessa multidão, um destaque: assim como as festas juninas retomam tradições, também atraem pessoas que representam a história da Maré. É o caso da família da Dona Orosina Vieira, uma das primeiras moradoras da Maré, responsável por diversos objetos e documentos presentes no Museu. Viviane Ferreira, membra da família, mora no próprio Morro do Timbau e foi com os parentes prestigiar: “Eu conheço o Museu, frequento, meus filhos já fizeram ballet aqui e frequentam a parte da biblioteca. Esse ano é o primeiro que venho no arraiá, estou gostando de tudo, bem animado, principalmente para as crianças é um ambiente acolhedor, muito bom”.

Família da Dona Orosina Vieira foi prestigiar a festa! Foto: Simone Lauar.

 

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