Conjunto de Favelas da Maré

Foto de capa: Raysa Castro

A favela da Maré, assim chamada por causa dos mangues e praias que dominavam sua paisagem, foi transformada em bairro por meio de decreto do prefeito César Maia, em 1994. O território compreende um conjunto de 16 comunidades onde moram cerca de 140 mil pessoas, e por isso chamamos de Conjunto de Favelas. A região margeia a Baía de Guanabara e está localizada entre importantes vias expressas que cortam a cidade do Rio de Janeiro: Avenida Brasil, Linha Vermelha, Linha Amarela e Transcarioca. Essa área se estende paralelamente à pista de subida da Avenida Brasil (sentido Zona Oeste da cidade), desde a FIOCRUZ (antigo prédio do Ministério da Saúde) – passando pela entrada para o Aeroporto Internacional do Galeão – até o bairro da Penha.

140 mil habitantes

16 comunidades

Área de 800 km²

O território

No âmbito administrativo, a Maré corresponde à XXX Região Administrativa da cidade do Rio de Janeiro. A população distribui-se por 16 comunidades: Marcílio Dias, Piscinão de Ramos, Roquete Pinto, Parque União, Rubens Vaz, Nova Holanda, Parque Maré, Nova Maré, Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau, Bento Ribeiro Dantas, Conjunto Pinheiros, Vila dos Pinheiros, Salsa e Merengue, Vila do João e Conjunto Esperança. A concentração de vias rodoviárias, prédios públicos e instalações industriais/comerciais faz com que as fronteiras entre essas comunidades sejam heterogêneas, com níveis diferenciados de vizinhança. A Avenida Brasil, a Linha Vermelha e a Linha Amarela são as principais artérias de circulação viária da cidade e todas elas passam pela Maré.

Foto tirada do Morro do Timbau, de onde se vê a Baixa do Sapateiro, Linha Amarela e Vila dos Pinheiros. Foto: Raysa Castro

Cada uma dessas favelas tem suas peculiaridades. O Morro do Timbau é o único morro, de onde se enxerga grande parte da Maré e da Zona Norte do Rio de Janeiro. É, também, onde nós ficamos, no CEASM. Na Vila dos Pinheiros temos o único parque ecológico do bairro, também conhecido como Mata, sobre o qual temos um documentário. A Nova Holanda é uma favela de intensa movimentação, desde a feira dos sábados até os bailes que atraem milhares de pessoas. Talvez não tanto quanto o Baile da Disney, famoso em todo o Rio de Janeiro, localizado a algumas passarelas dali, na Vila do João. Temos ainda a cultura nordestina muito presente no Parque União, expressa por exemplo nas festas juninas que duram quase um mês inteiro. E temos outros pontos turísticos que todo carioca conhece, como o Piscinão de Ramos, favela muito próxima da Roquete Pinto. No Piscinão não se oferta apenas o lazer do Piscinão em si, mas por sua localização na Praia de Ramos ainda possui uma Colônia de Pescadores.

A População

O bairro possui hoje uma população estimada em cerca de 140 mil habitantes, com uma média de 3,4 habitantes por domicílio, média esta que se aproxima bastante daquelas obtidas para o espaço nacional, regional e municipal. É um dos bairros com maior densidade demográfica do município do Rio de Janeiro. O processo intenso de ocupação do território é um fator importante que delineou alguns aspectos da paisagem da Maré. Destacam-se, em particular, a ausência de árvores, o rareamento de espaços vazios, a verticalização das residências, o que contribui para o adensamento das moradias e a difícil mobilidade que caracteriza suas ruas. Temos na Maré desde ruas mais largas, onde passam dois carros de cada vez, motos e os pedestres, até pequenos becos e vielas.

Foto: Raysa Castro

As comunidades que compõem a XXX Região Administrativa (R. A.) representam 2,3% da população do município do Rio de Janeiro e 0,97% do estado do Rio de Janeiro. O bairro possui um número de habitantes superior ao de cidades como Araruama, Resende e Itaguaí. Caso recebesse o status de município, o bairro da Maré ocuparia a 24ª posição no estado e a 15ª posição na Região Metropolitana, no ranking populacional.

Educação na Maré

No plano da infraestrutura educacional, na Maré estão instaladas 31 instituições de educação públicas. São sete CIEPs, seis creches municipais, seis Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs), nove escolas municipais, duas escolas com Ensinos Fundamental e Médio, e um Centro de Educação de Jovens e Adultos.

Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Prfª Kelita Faria de Paula. Foto: Ana Cristina da Silva

Assistência social, saúde e lazer

A Maré possui numerosos espaços de lazer contemplando várias de suas favelas, como o Pontilhão Cultural, Piscinão de Ramos, Vila Olímpica e Museu da Maré. Sua população é atendida por oito unidades de saúde dentro do território, e tem acesso a Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em bairros próximos onde pode exercer seu direito à assistência social. Confira todas essas informações em detalhes na cartilha “Maré do Bem Viver: direitos, cuidado, cidadania“, elaborada pelo CEASM.

Museu da Maré sediando o Festival de Cenas Curtas do Entre Lugares, 2022. Foto: Ana Cristina da Silva.

História da Maré

No que concerne às características ecológicas e da paisagem, o sítio original da área hoje ocupada pela Maré era em grande parte composto por terrenos alagadiços e de mangue. Com o passar do tempo, a região foi aterrada e ocupada por palafitas. A ocupação efetiva da parte mais antiga da Maré data de 1946, ano da inauguração da Avenida Brasil e da implementação do novo eixo industrial da Zona Norte. A avenida materializava, então, a política de desconcentração produtiva e populacional da cidade do Rio de Janeiro.

Praia do Apicu, antigo litoral da Maré. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 1928.

O núcleo original da Maré era formado por seis comunidades contíguas, mas também com características sociais, econômicas, geográficas e históricas heterogêneas: Morro do Timbau, Parque União, Baixa do Sapateiro, Rubens Vaz, Nova Holanda e Parque Maré. As comunidades Vila dos Pinheiros, Vila do João, Conjunto Pinheiros e Conjunto Esperança foram criadas no início da década de 1980, sendo ocupadas por antigos moradores das comunidades originais, principalmente os residentes nas palafitas.

Crianças nas palafitas. Anthony Leeds. Arquivo Dona Orosina Vieira, 1969.

Os Conjuntos Bento Ribeiro Dantas e Nova Maré foram criados a partir da intervenção do poder público municipal, na década de 1990. Esses conjuntos reúnem moradores provenientes de habitações que se localizavam em áreas de risco da cidade. As comunidades de Marcílio Dias, Praia de Ramos e Roquete Pinto, apesar de antigas, são, no plano geográfico, mais distantes e separadas por vias e áreas militares. Tais comunidades passaram a ser consideradas integrantes da Maré a partir da Lei nº 2119, de 19 de janeiro de 1994, pela qual o então prefeito César Maia criou o bairro da Maré, na XXX Região Administrativa da cidade. Conheça a história de cada favela da Maré acessando nossas primeiras edições impressas, dos anos de 1999 e 2000.

Conjunto Bento Ribeiro Dantas, 2002. Foto: Alexandre Dias.
A Praia de Ramos era ponto de pesca e lazer, por volta dos anos 2000.

A Maré de hoje é um espaço fervilhante de talentos, projetos sociais, culturais e esportivos, associações de moradores e grupos que lutam por seus direitos. Porém ainda muito prejudicado pela violência e violação de direitos em geral, que apenas prejudicam o cotidiano daqueles que tentam levar sua rotina de estudo, trabalho e lazer dignamente.

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