Sarau do CPV participa da campanha pela liberdade de Rafael Braga

Eventos, Segurança

Por Carolina Vaz

Ontem, 13 de maio, foi dia de sarau no CEASM. O VI Sarau do CPV, organizado pelo Curso Pré-Vestibular do CEASM, aproveitou a data que marca a abolição da escravatura para integrar o sarau à Campanha pela Liberdade de Rafael Braga. O dinheiro da venda dos comes e bebes, livros, revistas, CDs, DVDs e roupas deste sarau foi destinado à família de Rafael Braga.

A abertura do sarau começou com a fala de Joge Magnum, jovem mareense membro da equipe da campanha, que falou sobre a atual situação de Rafael, condenado a 11 anos de prisão*, sobre sua família e a dívida da sociedade com o caso explícito de racismo estrutural. “A única justificativa desse processo é a seletividade penal para o povo preto, o povo da favela”, afirmou.

Jorge Magnum representou a equipe da campanha de Rafael Braga. Foto: Carolina Vaz

Segundo ele, Rafael costumava ser o principal provedor de sustento na casa de sua mãe, Adriana Braga, através de seu trabalho como ambulante. Por isso, uma das funções da campanha é arrecadar recursos para a família. Rafael Braga foi preso pela primeira vez numa das grandes manifestações de 2013, acusado de portar “material explosivo”, que na verdade era uma embalagem de desinfetante Pinho Sol que levava na mochila. “Todos nós que estávamos nas ruas em 2013 temos uma questão moral com o Rafael, porque ele está preso porque nós fomos para a rua em 2013”, afirmou Jorge Magnum, repetindo a reflexão de uma colega da campanha. Ele lembrou que Rafael Braga é um símbolo, que há muitos “rafaeis”nas favelas do Rio.

Em seguida, o fotógrafo mareense Gê Vasconcelos mostrou algumas de suas obras. A primeira foi o filme “Preto Velho – Dona Creuza”, do Canal Molambo, do qual participa. O vídeo traz a fala de Dona Creuza, moradora da Maré, contando fortes histórias sobre ter servido a brancos e traz reflexões sobre o quanto brancos ainda subjugam negros. Após o vídeo, Gê mostrou fotografias do cotidiano do amigo africano Bené e de uma tribo de índios do Acre. O artista também distribuiu um fanzine chamado “Testemunho”, com texto e fotografias de uma experiência própria de ter sido levado a uma delegacia.

Gê Vasconcelos (à direita, em pé, de camiseta branca) exibindo “Preto Velho – Dona Creuza”. Foto: Carolina Vaz
Uma das fotografias de Gê Vasconcelos numa tribo indígena no Acre. Foto: Carolina Vaz

Depois, o microfone aberto recebeu performances, música e poesias, como as do poeta Favelado Qualquer. Veja mais fotos no Facebook do evento.

* Rafael Braga, jovem negro, pobre, catador de latas, foi preso duas vezes, injustamente, tendo sido a primeira por porte de produtos de limpeza durante uma manifestação em 2013. Em dezembro de 2015, ele conquistou liberdade condicional, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica, mas um mês depois foi preso novamente, após PMs forjarem em sua posse drogas e um morteiro. No dia 20 de abril de 2017, Rafael Braga foi condenado a 11 anos de prisão por tráfico e associação ao tráfico. Para saber mais detalhes sobre o caso, acesse o link: https://libertemrafaelbraga.wordpress.com/about/

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