Seminário sobre Mídia e Cotidiano da UFF realiza abertura no Museu da Maré

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Por Miriane Peregrino

O Programa de Pós Graduação em Mídia e Cotidiano da Universidade Federal Fluminense (UFF) realizou hoje no Museu da Maré a abertura do VII Seminário Internacional de Pesquisa em Mídia e Cotidiano com a participação de coletivos de comunicação comunitária do Rio de Janeiro como Maré Vive, Na Favela e jornal O Cidadão (da Maré), Papo Reto (do Alemão) e CineFavela (da Providência) além do DefeZap e do Núcleo Piratininga de Comunicação e membros da Rede Internacional e Vozes que contam com pesquisadores dos Estados Unidos, Quênia, Reino Unido e Síria.

“Não é só simbólico estar aqui, é prático” – afirmou a pesquisadora e moradora da Maré, Renata Souza, na abertura do evento – “Estar na Maré fazendo essa abertura é prática. A universidade precisa estar conectada com o que os midiativistas da favela estão fazendo”.

Abertura do VII Seminário Internacional de Pesquisa em Mídia e Cotidiano do Programa de Pós Graduação em Mídia e Cotidiano da UFF contou com a participação de coletivos de comunicação comunitária do Rio de Janeiro e membros da Rede Internacional e Vozes que reúnem pesquisadores dos Estados Unidos, Quênia, Reino Unido e Síria. Foto: Miriane Peregrino.

Na parte da manhã, os participantes realizaram uma visita guiada ao Museu da Maré e na parte da tarde se reuniram em torno do tema “Tecnologias da Comunicação no Combate à Opressão e Marginalização Social” numa roda de conversa mediada pela coordenadora do Museu da Maré, Cláudia Rose Ribeiro.

Renata Souza, que faz o pós-doc na Pós-graduação em Mídia e Cotidiano da UFF, falou da relação entre favela e universidade: “Nem sempre a universidade é o local que todos nós, favelados, queremos estar mas esse é um lugar de trincheira pra mim também,” e ressaltou, “A palavra prioritária aqui é a de nós, favelados”.

No mural do evento uma recordação: Hoje completam-se 2 meses do assassinato de Marielle e Anderson. Foto: Miriane Peregrino

Membros dos coletivos de comunicação de favelas compartilharam com o público o processo de formação de seus grupos. Thainã de Medeiros, do Coletivo Papo Reto, lembrou o que é se comunicar no “papo reto” dentro da favela: “A rua é a maior rede social que a gente tem” e lembrou que no enfrentamento e denuncia da violência do Estado “a visibilidade garante outros direitos”. Josinaldo Medeiros do Coletivo Maré Vive e do Na Favela relatou a formação dos dois grupos dentro da Maré após a entrada do exército em 2014 e os desafios de se realizar uma comunicação comunitária no contexto da militarização.

Dentre os coletivos de comunicação comunitária, o mais antigo ali presente era o jornal O Cidadão que completará 20 anos em 2019 e enfrenta o desafio de se modernizar e trabalhar com outras linguagens para além do formato impresso. Além de recordar sua história, O Cidadão anunciou que lançará e, 5 de junho no Museu da Maré seu primeiro documentário sobre clima e territórios periféricos (horário a confirmar).

 Roda de Conversa: “Tecnologias da Comunicação no Combate à Opressão e Marginalização Social” aconteceu na parte da tarde no Museu da Maré. Foto: Miriane Peregrino

Antônio Carlos, diretor do Museu da Maré, lembrou que o primeiro meio de comunicação comunitário da Maré foi o “União da Maré” no período em que o governo implantava o Projeto Rio. Segundo ele o “União da Maré” começa a estabelecer a comunicação entre as várias comunidades da Maré que não se comunicavam e isso seria fortalecido alguns anos depois com o Jornal O Cidadão.

O evento, que teve início hoje na Maré, ainda terá atividades amanhã e quarta-feira no campus do IACS da UFF. Para acompanhar a programação acesse o site: https://seminarioppgmc.wixsite.com/seminario2018

 

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