Teatro do Oprimido transforma jovens na Maré

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Oficinas fazem moradores mudar de opinião sobre a favela 

Jamie Duncan e Thaís Cavalcante

O Centro de Teatro do Oprimido (TO) tem uma trajetória de 28 anos. Na Maré, ele atua há mais de 17 anos e colabora com a formação de grupos jovens de teatro. O Centro mantém parceria com escolas, organizações e instituições locais, criando uma rede de construção de conhecimento. O conceito “oprimido” – popularizado pelo educador Paulo Freire – foi resgatado justamente para refletir a situação do oprimido e identificar também seu opressor. Ao pensar a desigualdade social, este conceito é essencial para transformar os jovens criticamente.

Foto: Thaís Cavalcante
Foto: Jamie Duncan

Carina Ricardo, 18 anos, moradora da Maré, participa das oficinas semanais desde pequena. “O Teatro do Oprimido é uma metodologia muito importante porque fala sobre teatro político, as coisas que acontecem no dia a dia, procura questionar as pessoas e o que eles vivem.  O que acontece todos os dias que eles não reparam, que eles deixam despercebidos. Para mim, isso é muito importante porque quem é da comunidade sofre muito preconceito. A gente já cresce meio que acostumado com essa opressão que vem da gente, que vem da sociedade, e volta na força maior que é o Estado. Então é bom para gente enxergar para poder lutar contra. Para transformar nosso jeito de viver, o mundo, e transformar o jeito da sociedade que nos vê aqui também. A gente ensaia para ver o mundo, para ver aqui dentro.” 

Para que o oprimido saia da condição em que se encontra, é necessário que ele tenha senso crítico e não aceite passivamente a falsa generosidade de seu opressor. É preciso que ele se liberte de maneira consciente e que saiba do seu valor com o cidadão, não se sentindo menor do que aquele que o oprime. Isso remete a situação vivenciada hoje por todos os 132 mil moradores da Maré. A ocupação militar mascarada de segurança pública pelo Estado do Rio de Janeiro para o controle de território e dos moradores. Com os educadores e sabendo dessa opressão, podemos diminuir os efeitos de uma educação que massacra as massas populares.

O Jornal O Cidadão entrevistou também Monique Rodrigues, socióloga, mestranda em Sociologia e em Direito pela UFF. Ela hoje é curinga do Centro do Teatro do Oprimido (TO) tendo iniciado num grupo popular de Teatro do Oprimido aos 13 anos. Os Curingas do TO são os especialistas no método e facilitadores das oficinas.

Foto: Thaís Cavalcante
Foto: Thaís Cavalcante

Segundo Monique, o método defende a ideia de que qualquer pessoa é um artista em potencial, mas temos que tomar consciência disso. O método trabalha de três formas: palavra, imagem e som. Através da relação do corpo com essas expressões, os jovens alcançam lugares que apenas a palavra não alcançaria. O processo com o grupo da Maré começa com contação de história, com o objetivo final de criar uma cena. No método, eles utilizam o conhecimento da vida e do lugar como conteúdo principal para exercícios teatrais. 

Uma parte importante desse método é o chamado teatro-fórum. Através desse dispositivo, o público é chamado a participar diretamente da cena. Dessa forma, o teatro-fórum, além de levantar possibilidades para a cena, promove uma conversa que vai além do grupo, alcançando toda a comunidade, criando exercícios de protagonismo e uma rede de políticas para a juventude. 

As oficinas do Centro do Teatro do Oprimido acontecem com patrocínio do Programa da Petrobras Socioambiental, em quatro polos: Museu da Maré, Observatório das Favelas, Marcílio Dias e Piscinão de Ramos. As oficinas são gratuitas, voltadas para jovens moradores da Maré na faixa etária de 15 à 29 anos. 

A partir das peças criadas serão realizadas mais de 70 apresentações e o trabalho será concluído reunindo os quatro grupos em torno de um Festival de Cenas a ser apresentado na Maré em novembro de 2015. 

Para mais informações acesse o link: http://www.ctorio.org.br

 

Comentários

One thought on “Teatro do Oprimido transforma jovens na Maré

  • Parabéns Curingas! Amei a Jornada,TO é tudo de bom pra tudo.Me sinto em casa, muito obrigada por me ajudar a trabalhar as Opressões com MADALENAS, pelo carinho e respeito a todos. Acho fundamental TO nas comunidades, nas escolas, é a transformação que queremos,O Futuro.Quero muito parceria com o TO para ajudar crianças e jovens de comunidades, em risco.Quero apresentar meu projeto de Educação e Prevenção em Saúde Bucal com Arte. Abraços

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