A revolta laranja e sua conquista histórica
Por Gizele Martins

Foram oito dias de greve, oito dias históricos resistindo às burocracias estatais e ao peleguismo sindical. A mídia tentou dar o seu velho golpe mentindo sobre tudo o que acontecia na greve, e o Estado criminalizava cada ação. Nos oito dias de manifestações, os (as) garis fecharam avenidas do Centro do Rio de Janeiro e fizeram assembleias em meio a praças públicas, dando um banho de organização, de resistência e de fé.
Não eram só 300 como as mídias e o prefeito Eduardo Paes insistiam em afirmar; eram mais de 3 mil nas ruas. É certo que muitos outros não estavam nas ruas lutando por seus direitos também porque foram obrigados pelos governantes a voltar aos seus trabalhos escoltados por policiais militares e por seguranças privados contratados pela Prefeitura do Rio.
O que demonstra mais uma vez a falsa democracia desse país, pois nem o direito à liberdade de expressão, de protestar, de colocar o seu grito de revolta para fora os cidadãos têm. Ficou mais uma vez provado que cobrar qualquer direito é considerado um crime, ainda mais quando se trata de pobre, negro e favelado. “Sou manifestante, tenho direito de estar na rua. Nós não somos marginais como o Prefeito vem falando na televisão. Se um for demitido, seremos todos demitidos. Não durmo direito há uma semana, mas estou de pé e vou até o fim porque eu não quero que meus filhos passem fome. Moro na favela, minha família está toda lá torcendo e esperando uma boa resposta”, disse um dos garis.

No sábado, dia 08 de março, depois de mais de três horas de negociação, eles conseguiram o que tanto lutaram para ter. Emocionados fecharam mais uma vez a rua em frente à Justiça do Trabalho. A primeira proposta não foi aceita – a Prefeitura ofereceu R$1.050 -, mas eles voltaram e disseram que queriam fechar em R$ 1.100 e 20 reais de tíquete-refeição, além de adicional de insalubridade. Depois dessa conquista, a comemoração foi completa. Ou seja, a força, a organização e a resistência do povo conseguem derrubar, sim, as mentiras das mídias mais poderosas do país e os próprios governantes que, na maioria das vezes, não reconhecem qualquer reivindicação do povo.