Adolescente da Nova Holanda busca apoio para Jogos de Capoeira na Grécia
Por Carolina Vaz
Foto de capa: Raysa Castro
Faixa verde no jiu-jitsu, faixa laranja na luta livre, corda azul na capoeira… essas são algumas das categorias do Cayo Cacareco, adolescente de 14 anos da Nova Holanda, que busca uma oportunidade de fazer sua primeira viagem internacional para representar a Maré numa competição mundial de capoeira. Cayo Alexandre Domingos do Nascimento treina no Centro de Lutas Paróquia Sagrada Família diariamente, e já está até inscrito para os Jogos de Inverno da Capoeira, que acontecem no final do mês na Grécia, mas a família ainda precisa arrecadar cerca de R$ 14.000 para os custos de passagem e visto até o dia 24 de janeiro. Para isso, está recebendo doações via Vakinha, e PIX na chave 129.484.317-60. O objetivo é voltar de lá com mais uma medalha para sua coleção de quase 300 em 10 anos de luta.
A infância no tatame
O gosto do Cayo pelo esporte vem de família: quando ele tinha apenas um ano, seu pai, Cristiano de Souza, já era instrutor de capoeira, jiu-jitsu e outras lutas na igreja Nossa Senhora dos Navegantes, e sua mãe, Dayanny Mara, começava a lutar capoeira. Ela também se tornou instrutora, e ele acompanhava os pais nas atividades, até que um dia começou a treinar e não parou mais. Ele tinha apenas 3 anos de idade, e antes dos 5 já lutou seu primeiro campeonato de jiu-jitsu. Aos 5, o primeiro jogo de capoeira, como é chamada a competição. “Como eu sempre fui treinar desde pequeno, eu fui crescendo e entendendo mais o esporte, gostando… eu quero ajudar minha família, dar orgulho pra eles, conseguir tirar eles da favela, viajar o mundo também” conta Cayo, lembrando de sua trajetória.
Hoje, os esportes que ele mais pratica são capoeira, jiu-jitsu e luta livre, estando no mais alto grau de cada um desses esportes: a faixa verde é a última faixa de graduação no jiu-jitsu antes dos 16 anos; a faixa laranja também é uma das últimas faixas para crianças na luta livre; e no caso da Capoeira é diferente. Aos 14 anos, o Cayo não teria idade para obter a corda azul, mas participando do batizado da escola Abadá, por sua maturidade na luta, ele conseguiu, sendo o segundo a conseguir essa graduação antes do tempo. O primeiro foi Erick Maia, um dos capoeiristas mais conhecidos do país.
Nesses 10 anos de lutas e competições, apenas no jiu-jitsu Cayo já conquistou o primeiro lugar em 4 competições de Mundial; duas de Panamericano; cinco de Sul-americano; seis de Brasileiro e 10 de Estadual. Poucas vezes foi prata e bronze, porque em outros campeonatos levou o ouro 72 vezes, e tem 3 cinturões de ouro. Já competiu em jogos de Capoeira em outras cidades do Rio, como Teresópolis e Petrópolis, em Caraguatatuba (SP) e Belo Horizonte (MG). Em 2023, se tornou pela décima vez campeão estadual de jiu-jitsu, e vem desde 2018 sendo campeão em todas as categorias em que compete na luta livre. Basta procurar pelo nome dele, Cayo Alexandre Domingos do Nascimento, que as listas de ranking comprovam suas vitórias.
Centro de Lutas na Nova Holanda
Foi há sete anos que os pais de Cayo decidiram abrir um centro de lutas na Nova Holanda, observando talentos como ele que poderiam se destacar em vários esportes diferentes. Cristiano de Souza explica que o objetivo foi concentrar tudo num local só: “Às vezes tem mais talentos dentro da comunidade que querem praticar mais de um esporte, porém os pais não têm condição de pagar três, quatro mensalidades de cada luta diferente e isso acaba frustrando o atleta. A gente acaba deixando de descobrir talentos por causa de condição financeira”.
Assim, conversando com o padre da Paróquia Sagrada Família, ele autorizou a criação do centro de lutas numa pequena sala – menor do que a área de tatames que pode ser vista nas fotos. Em 2019, uma reportagem num jornal chamou a atenção de um casal de idosos da França que fez uma grande doação, o que possibilitou construir o atual espaço que ocupam, com uma área extensa para o esporte e outras salas para outros fins, como atendimento médico e informática. Infelizmente, o casal francês faleceu na pandemia, e o apoio do projeto diminuiu muito. Mesmo assim, eles conseguem atender 100 alunos com aulas de capoeira, jiu-jitsu e muay thai de segunda a quinta-feira, mediante a contribuição de um valor simbólico.
Entre as aulas do projeto e os respectivos trabalhos, Dayanny e Cristiano fazem de tudo para arrecadar para a viagem que está tão próxima: passar rifa no Whatsapp, produzir conteúdo para as redes do Cayo, divulgar a Vakinha, vender sacolé nos pontos de mototáxi. Apesar de tantos títulos em 10 anos, poucos apoios aparecem para o atleta, havendo negativas desde o comércio local até empresas maiores que poderiam colaborar com transporte para as competições. Como acontece com muitos adolescentes da favela, o talento e a vontade existem, mas faltam oportunidades. Cacareco tem tudo para ser um atleta conhecido no futuro próximo:
“Eu pretendo ser um atleta profissional, levar a minha carreira e no futuro, se Deus quiser, entrar no UFC. Quero conseguir entrar no UFC pra misturar tudo e levar a Maré aí… O esporte é pra quem ama, né? E eu quero viver disso, ganhar pra dar aula, pra treinar, pra dar seminário”.
Cayo Cacareco
Colabore
A família do Cayo está recebendo doações em qualquer valor via Vakinha (https://vakinha.bio/4316392) ou no PIX (chave 129.484.317-60) e também está fazendo a rifa de uma bolsa da Adidas, um chapéu de praia da Nike e uma touca da Osklen. Para mais informações, fazer contato com Dayanny Mara: 21 98045-9071. Para acompanhar o Cayo no Instagram é só seguir: @cayocacareco .