Angola recebeu a Exposição “Da Maré ao Canindé, inspiração para as periferias” do Museu da Maré

Eventos

Exposição “Da Maré ao Canindé, inspiração para as periferias” realizada por roda de leitura no Museu da Maré aconteceu entre fevereiro e maio deste ano na capital de Angola.

 

Até este mês de maio, o Centro Cultural Brasil-Angola (CCBA), em Luanda, recebe a exposição “Da Maré ao Canindé, inspiração para as periferias”. A mostra traz imagens da favela da Maré (no Rio de Janeiro) em diálogo com trechos das obras da escritora brasileira Carolina Maria de Jesus (1914-1977).

“Falar de Carolina de Jesus e de moradoras da Maré é falar também da diáspora africana. Falar da favela da Maré, que é a segunda maior comunidade de imigrantes angolanos do Brasil, é traçar paralelos com os musseques angolanos, com as condições de vida das classes trabalhadoras dos dois lados do Atlântico”, afirmou Miriane Peregrino, curadora da exposição.

Miriane, que é doutoranda em literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, conta que essa mostra em Luanda é resultado das ações da roda de leitura que ocorreu entre 2013 e 2014 no Museu da Maré. Na ocasião, temas como despejo, fome, abastecimento de água e direito à moradia foram destacados e relacionados com as histórias de moradoras da Maré como D. Orosina Vieira (conhecida como uma das primeiras moradoras da favela), sua sobrinha D. Vera, a escritora Ana Maria de Souza, e migrantes nordestinos como o morador Antônio Fernandes. A 1ª montagem da exposição ocorreu no Museu da Maré em novembro de 2014 em homenagem ao centenário de nascimento de Carolina de Jesus e aos 20 anos de desaparecimento de D. Orosina. A montagem atual teve algumas modificações sendo a mais relevante o painel em homenagem a escritora Ana Maria de Souza.

Na foto, Ana Maria de Souza recita seus poemas na 1ª montagem da exposição. A escritora, falecida em 2016, recebeu um painel em sua homenagem na nova montagem da exposição em Angola. Museu da Maré, 2014, Brasil.

 

Uma das primeiras escritoras da Maré a lançar um livro, Ana Maria de Souza estava presente na abertura da exposição que aconteceu em 2014, recitando alguns de seus poemas. Falecida em 2016, nessa nova montagem da exposição, Miriane decidiu incluir um painel em homenagem à escritora brasileira chamado-a de “nossa kota”.

Kota é a expressão que os angolanos usam para chamar o seu mais velho. Na literatura que se faz nas favelas da Maré, a escritora Ana Maria de Souza é sem dúvida a nossa ‘kota’, a nossa mais velha, com quem ainda temos muito o que aprender através da leitura de seus textos”, lembrou Miriane.

*A roda de leitura é uma iniciativa de promoção da literatura, incentivo à leitura e produção textual em diálogo com outras linguagens. A partir de 2015, ela passou a ser realizada de forma descentralizada também em outros pontos da cidade do Rio de Janeiro e mesmo em outros estados. Entre janeiro e maio de 2018, pela primeira vez, está realizando atividades em outro país. O projeto foi contemplado com o Prêmio Todos Por Um Brasil de Leitores do Ministério da Cultura e recebeu a Chancela Ações Locais da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro dois anos consecutivos – 2015 e 2016.
Fonte: Por dentro da África, 04.05.2018

Comentários