Camponeses fecham principais rodovias no Rio de Janeiro e entregam alimentos
MST denuncia a demora na desapropriação de terras pelo Incra para assentar cerca de 700 famílias acampadas em todo o Estado
Por Vanessa Ramos
MST/RJ
Na manhã desta quarta-feira (11/3), cerca de 500 famílias camponesas participaram da ação que interditou algumas das principais rodovias no Rio de Janeiro. O trecho na altura de Martins Lage da BR-356, que liga Campos dos Goytacazes à São João da Barra, no Norte Fluminense ficou fechado por 3 horas aproximadamente.
Na rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias, depois de fechada, militantes do MST entregaram produção agrícola para os motoristas que estavam na estrada. Agricultores também vão para a prefeitura de Macaé, município do estado do Rio de Janeiro, apresentar a pauta de reivindicação.
A ação integra o movimento nacional da jornada mundial de lutas das mulheres camponesas, que vai contra o modelo de agronegócio do país. Uma iniciativa do MST junto a outras organizações e movimentos sociais que visam denunciar ausência de infraestrutura nos assentamentos no Rio de Janeiro e o descaso com as famílias acampadas.
“Os Movimentos Sociais do campo e da cidade estão em luta para exigir a reforma agrária. A agricultura camponesa é que garante 70% da produção de alimentos que está na mesa dos brasileiros”, desabafou Elisângela Carvalho, Dirigente Nacional do MST.
Atualmente, existem diversos assentamentos espalhados no Brasil e a maior parte deles não possuem infraestrutura básica. De acordo com os militantes do MST faltam políticas públicas de habitação, estradas e transporte, iluminação, comunicação, lazer, educação e saúde, somada à deficiência dos serviços de crédito e assistência técnica.
“Nós exigimos que o governo federal desaproprie as áreas para assentar todas as famílias acampadas e que o Incra realize contratação imediata de Assistência Técnica para os assentamentos”, disse Elisângela.
Em relação às terras, o MST exige a desapropriação de algumas áreas no estado do Rio, onde aproximadamente 700 famílias estão acampadas. Muitas das terras já foram declaradas improdutivas, e algumas famílias aguardam acampadas há 10 anos, como é o caso do acampamento Madre Cristina, em Campos.
Outro caso emblemático é o complexo da Usina Cambahyba, em Campos, onde existe o acampamento Luis Maranhão. Segundo denúncias, os fornos da usina foram usados para incinerar corpos de militantes durante a ditadura militar.
Os camponeses também denunciaram o agronegócio como principal consumidor da água, de intoxicação das terras e do ser humano, que estabelece relações de trabalho escravo e é o grande consumidor de agrotóxicos.
Também participaram da ação: Comissão Pastoral da Terra (CPT); Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA); Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (Feab); Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal (Abeef); Levante Popular; PSOL; PCB; Sindipreto/Norte Fluminense; DCEs da Universidade Federal Fluminense e da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).
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