Coletivo Arquitetos da Favela realiza 1° Fórum de habitação digna em favelas e comunidades
Coletivo Arquitetos da Favela
Edição: Carolina Vaz
A Cidade do Rio de Janeiro contou com o 1º Fórum de Habitação Digna nas Favelas e Comunidades do Rio de Janeiro, pensado por Luis Fernando Pereira, cria do Morro da Providência, Arquiteto e Urbanista e fundador do Coletivo Arquitetos da Favela. O Fórum ocorreu em 08 de julho na primeira favela do Brasil: o Morro da Providência.
Este Fórum foi uma iniciativa do próprio Fernando, junto ao Coletivo Arquitetos da Favela, contando com o apoio da MICA Arquitetura – Café com a MICA, e também com a participação de moradores locais, lideranças, arquitetos e urbanistas, técnicos da informação, advogados e profissionais de diversas áreas. O evento também foi prestigiado pela representante do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-RJ) Leila Marques.
O encontro abordou desde assuntos técnicos, pertinentes ao tema qualidade de vida, como saneamento e saúde, até o papel do Arquiteto e Urbanista enquanto profissional intervindo no território de favela e conhecendo as necessidades do mesmo. Em um agradável diálogo entre os presentes, entendeu-se unânime a concordância de que a Arquitetura, como agente social, e em toda sua multidisciplinaridade, deve estar presente de maneira mais efetiva e “palpável” nesses territórios, com mais representação e voz perante o Estado.
Com isso em mente, o Coletivo Arquitetos da Favela expôs sua vontade de dignificação de moradias e de promover a transformação na vida dos moradores desses territórios, criando uma interlocução com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do estado do Rio de Janeiro. O conselho, além de dispor de todo o conhecimento técnico, possui abertura para um diálogo mais explícito com o Estado. Dessa conversa surge a proposta do “CAU favela”, pensado e idealizado por Luís Fernando Pereira, como uma tentativa de criar dentro do Conselho um grupo de atuação em prol de moradia digna em favela.
Um grupo que lute por melhores condições de habitação
O CAU tem um papel importante nesse processo, pois o mesmo desempenha um papel fundamental no fornecimento de orientação técnica e jurídica para o aperfeiçoamento habitacional das construções às normas legais, e de segurança em um fluxo de contato mais direto com as governanças municipais e estadual. A habitação digna nas favelas é um tema de extrema relevância enquanto garantia de condições de vida adequadas aos seus habitantes. Essas áreas urbanas surgem devido à falta de cuidado do Estado, afetando em maioria a população de baixa renda.
Esse abandono estatal põe em xeque a necessidade do diálogo entre a população e o governo para que o problema seja resolvido, e assim também se faz necessário um interlocutor ou interlocutora: o(a) profissional de Arquitetura e Urbanismo. Uma das demandas da favela para o governo e as políticas públicas é a regularização fundiária. Muitos moradores não possuem situação legalizada em relação à posse de seu terreno, sendo a regularização fundiária um processo que irá buscar garantir o direito a essa propriedade, permitindo que os moradores tenham segurança jurídica sobre suas residências.
A história e vontade de Luis Fernando colocada no Coletivo em abordar esse tema, e dedicar-se a esse poder transformador da arquitetura, nasce a partir de uma visão de quem habita o cotidiano de uma favela, de quem percebe toda a potência do território. E com uma memória local, sempre com muitas histórias de vida, entendendo e sentido “na pele” todos os percalços existentes, advindos da falta de um olhar atento e cuidadoso por parte dos Poderes Executivo e Legislativo.
Tendo por base esses percalços e toda uma potência ali estabelecida, não há outro caminho a ser tomado que não a discussão acerca do habitar nas favelas. Essa habitação deve ir muito além de um teto sobre a cabeça. A habitação deve ser digna em todas as dimensões: social, material, técnica, poética e subjetiva do ser humano.
O Coletivo Arquitetos da Favela
O Coletivo se apropria desse tema, com afinco, com intuito social e assistencial, carregando a essência de moradores que querem mostrar para o mundo como é possível promover habitação digna para todos. Atuamos através do processo participativo de todos os envolvidos no território, visando proporcionar habitação digna sem excluir os interessados do processo. Seja através de mão de obra, doações de materiais, ou um lanche para que possamos trocar experiências.
Mostrar que uma boa arquitetura, uma boa habitação se constrói com integração, com memória, com histórias, com múltiplos saberes, com funcionalidade, com criatividade, entender os materiais e o seu contexto, esse é o objetivo do coletivo. Nas ações desenvolvidas os moradores são parte atuante do processo, como a mão de obra intelectual e física, favorecendo a movimentação da economia local, a capacitação profissional dos que atuarem, buscando assim um sistema econômico e social que se sustenta dentro da comunidade, mas que para além disso deseja ouvir os moradores, trazer para a favela o debate da arquitetura e incluí-los na idealização de soluções, para os problemas que percebem e sentem, a experiência da vivência de quem habita o espaço. Os habitantes da favela são a verdadeira potência do território!
Atuando sem fins lucrativos, através de doações, tendo em vista apenas a melhoria das condições de vida dos que mais precisam, o processo participativo se estende a todos que, por mais que não vivam o território, entendam que o mesmo é um reflexo da nossa sociedade e que a transformação é parte preponderante para que haja o desenvolvimento social como um todo, e com isso almejam tornar-se parte desse projeto.
Saiba mais sobre o coletivo Arquitetos da Favela e conheça algumas de suas ações já executadas aqui. É possível acompanhar pelo Instagram @arquitetosdafavela e fazer contato pelo e-mail [email protected]