Geração Retrô
As décadas de 60, 70 e 80 nas ruas e bailes da Maré
Por Renata Guilherme
A palavra “retrô” deriva do termo latino retro, que significa “para trás” ou “em tempos passados.” E de tempos em tempos esse é o tema em festas no Conjunto de Favelas da Maré. Por tudo isso, a nostalgia é a razão do grande sucesso das festas Retrô que nunca deixaram de ter seu espaço nos eventos que rolam na favela.
Casas como a ‘Infinity’, na Nova Holanda, e a tradicional Festa Anos 80 no Bar do Zé Toré, no Morro do Timbau, promovem esses momentos de alegria e nostalgia que fazem ter a sensação de voltar às décadas de 60, 70 e 80.
Nos faz lembrar também de uma época em que todos pareciam mais próximos que hoje no Conjunto de Favelas da Maré. Nos cumprimentávamos, não tínhamos vergonha de pedir um copinho d’água em qualquer casa. Nestas festas, até a ornamentação volta ao passado. Não são só as letras e ritmos musicais, mas o clima, as luzes, a atmosfera de amizade e cordialidade dos participantes. Jovens (de 18 a 100 anos!) dançando de forma solta, fechando os olhos e sentindo o perfume daquelas décadas que não voltam mais. A reportagem do O Cidadão pôde experimentar essas sensações.
No último dia 7 de Setembro na Quadra da Escola de Samba Boca de Siri, na favela Roquete Pinto, aconteceu o “Baile do Forninho, a noite do Flashback.” O baile é organizado pela funcionária pública Lilian Aguiar, 36 anos, e pelo auxiliar administrativo, cantor e compositor Beto Meira, 43 anos.
Perguntamos ao Beto: porque voltar a fazer o Baile do Forninho que já foi um sucesso há quarenta anos na comunidade? E ele respondeu: “A ideia de fazer um evento desses novamente aqui na Roquete Pinto veio da percepção de que as pessoas que viveram aquela época sentem muita saudade. Tinha um baile na Associação de Moradores cujo espaço era pequeno. Tinha sempre muita gente e vivia lotado. Por isso era quente demais. Daí o nome Baile do Forninho. Desde 2010 tentava realizar o evento, mas não conseguia. Estava na luta já com data marcada e tudo, mas sem apoio nenhum! Até que convidei a Lilian Aguiar para abraçar o projeto e deu no que deu: sucesso total na favela, que já clama por outro baile.”
Lilian, a amiga que deu um show na organização com Beto, diz que “a repercussão foi ótima e atingiu o nosso propósito de divertimento para pessoas que tinham saudade dessa época e também os mais jovens”.
Para terminar essa matéria, entrevistamos um dos mais badalados moradores mareenses: Begha Silva, músico da Maré. Ele fala de como é ver a favela bombando com altas festas como o Baile do Forninho. “A festa foi maravilhosa! Quero parabenizar a organização, aos visitantes e moradores. Gostaria muito que essa festa fosse todos os meses, todos sentimos saudades dos bailes das antigas, onde nos divertíamos, nos amávamos, namorávamos. Estou muito emocionado,” comentou. O casal Nilson e Shirley, casados há 32 anos e “namorados” há 45, também curtiram bastante. “Ouvir Manhattan e poder dançar coladinhos nos emocionou, lembramos do passado, apesar de tanto tempo juntos, ainda nos amamos demais”.