Museu da Maré recebe encontro para discutir os direitos à favela

Notícias

Por Luana Benedito

O Museu da Maré recebeu, nos dias 23 e 24 de junho, o “1º Encontro Direito à Favela”, que debateu as demandas e propostas de lei nas áreas de Segurança Pública e descriminalização das drogas, moradia e direito à cidade, saneamento e saúde, além de cultura e educação. O evento foi organizado por moradores, pelo museu e pela vereadora e também moradora da Maré Marielle Franco (Psol).

O encontro foi aberto na noite de sexta-feira com a mesa “O que é Direito à Favela?”, composta pelas debatedoras Marielle Franco, a escritora Ana Paula Lisboa e Cláudia Rose, coordenadora do Museu da Maré. O debate foi seguido por um Viradão Cultural, com oficinas de hip hop, graffiti, teatro, produção cultural, memória e “como se defender da violência policial”. A vereadora Marielle Franco realizou a transmissão ao vivo de algumas mesas e é possível assistir aos vídeos em sua página no Facebook. Confira aqui a mesa de direito à favela:

Para Marielle a proposta do evento era discutir, pensar e propor possíveis saídas ou meios para garantir os direitos dos moradores da favela em um sentido mais amplo. Na manhã de sábado houve um café comunitário antes do início das mesas de debate. “Pensamos desde o início em fortalecer a economia solidária, comprando do pequeno produtor, na sua maioria da Maré e Zona Oeste”, afirmou a vereadora.

A primeira mesa de sábado discutiu o direito à moradia, com o deputado estadual Marcelo Freixo e o vereador Tarcísio Motta, ambos do Psol, além da arquiteta Tainá de Paula, o diretor do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré Luiz Antonio de Oliveira, e Dona Penha, moradora da Vila Autódromo. “A gente precisa fazer isso com mais frequência. Nós juntos somos muitos”, disse ela, que é referência na luta contra as remoções. Confira aqui a mesa do direito à moradia e a esquete Violência Contra a Mulher, do grupo teatral Entre Lugares:

A programação seguiu com as mesas Saúde e Saneamento, com Ana Lúcia Britto, Amanda Dantas, professora do Ceasm, Carlos Vasconcellos, da Rede de Médicos Populares; Educação e Cultura com Talíria Petrone, vereadora pelo Psol em Niterói, Sinésio Silva, pesquisador em educação integral, Adriana Facina e Inês Sales, do Redes da Maré.

Confira aqui a mesa sobre Saneamento:

E aqui a mesa sobre Educação e Cultura:

O debate de Descriminalização das Drogas contou com a professora de direito penal Luciana Boiteux, Mônica Cunha, do Movimento Moleque, Lana Souza, do Coletivo Papo Reto, e Daiene Mendes. O Projeto Entre Lugares Maré apresentou também esquetes sobre LGBTfobia e racismo, os atores emocionaram e arrepiaram o público com o espetáculo Parte de Nós. O encerramento do evento ficou a cargo do Bloco APAFUNK.

A apresentação teatral, a mesa sobre Descriminalização das Drogas e a apresentação do APAFUNK podem ser conferidos aqui:

A estudante Thaynara Santos afirma que nunca tinha visto nada parecido na favela antes. “Acho que a Maré foi o lugar perfeito para ser a pioneira de um evento como esse, já que ela muitas vezes é referência, assim como o Alemão e a Rocinha”.

Já para Patrick Melo o encontro foi muito bom, mas ele afirma que gostaria de ter visto mais representantes favelados compondo as mesas “no sentido de criar de fato uma representatividade maior, principalmente nas questões de educação e cultura. Que convidasse produtores culturais, educadores populares…”. No entanto, o jovem morador do Borel enfatizou que é a primeira vez, nos seus 22 anos,  que observa essa proximidade de um mandato com a favela. “Espero que a Marielle Franco siga neste sentido, aberto ao diálogo, disposto a escutar, fiscalizar e criar as políticas públicas a partir de nós.”

Para Thainã de Medeiros, do Coletivo Papo Reto, o encontro foi importante, porque além da presença de favelados construindo o evento, as propostas surgem dos mesmos. “Também é importante para entendermos quais são os direitos à favela que muitas vezes ignoramos por ser de realidade tão diferente dos outros locais da cidade mas que conversam entre si guardadas suas proporções”, diz.

Comentários