O diálogo como forma de reação
Gabriel Oliveira
Jader Cruz
Estamos diante de notícias que nos chocam e várias vezes furtam nosso coração e nos remetem à reflexão sobre a real possibilidade de sermos as próximas vítimas nesse processo crescente de violência.
Alguns jovens da Maré entenderam que precisavam somar os esforços e mobilizar ações que mostrem ao Estado que estamos vivos. E que queremos viver e não somente sobreviver.
Assim surgiu a Juventude Relevante, um coletivo formado por moradores da Maré, com o propósito de motivar a juventude evangélica universitária, dialogando benefícios em suas áreas de estudos para a favela.
Uma das iniciativas foi a criação de um Fórum de debates, que de forma organizada mostra o grito da favela frente os excessos cometidos pelas Forças de Pacificação. O segundo fórum teve como tema a violência e intolerância, e foi realizado no dia 11 deste mês no Museu da Maré. Um dos jovens do movimento Juventude Relevante, Getúlio Cardoso, perguntou: O que pode ser feito para levar conhecimento e capacitação, assim como empregabilidade para jovens egressos do sistema (prisional)?
Os representantes presentes – Rosane Oliveira, do IPP Social, Major Cardoso Cia, entre outros – não souberam responder quanto à presença de projetos existentes ou em andamento na Maré que venham a assistir os jovens egressos. Entendemos que essa questão precisa de respostas imediatas, infelizmente a demanda é crescente e precisamos ampliar as ações que resgatem a motivação desses indivíduos. Quintanilha da Silva, pesquisador da UFRGS, apontou que a postura do coletivo não pode ser esperar que o diálogo seja iniciado pelo Estado, que a favela precisa se apropriar da iniciativa, fomentando ações que demandem respostas do poder público. A desesperança na UPP é provocada pela declaração do porta voz da polícia militar, coronel Frederico Caldas: “Se a UPP der errado, a sociedade vai para o buraco”. Nós nos opomos a essa fala apontando que a esperança da comunidade está no cidadão de bem, morador do Conjunto de Favelas da Maré.
Queremos ser tratados com dignidade. A Maré quer respeito, quer diálogo, quer justiça. Queremos apontar uma atenção maior na área de educação, com projetos sociais para o público infanto-juvenil, também na área de cultura e lazer que é ou foi empobrecida pelo estado de guerra em que a Maré está imersa, assim como projetos sociais para atender aos jovens egressos que encontram muita resistência no ingresso ao mercado de trabalho, mesmo depois de terem cumprido pena judicial e, estarem legalmente regularizados.
Há projetos sociais em curso na Maré, um deles é o Educando para a Paz, coordenado pela professora Maria Angélica, da UNISUAM. Nosso desejo é que ações como essa se multipliquem e ocupem o território, ampliando a luta pela cidadania e civilidade. Acreditamos que ações como essas ajudam na formação de uma consciência de paz. Acreditamos na comunidade e na força dessa juventude que luta contra as circunstâncias que a vida lhe propôs e não se rendem ao grito da opressão.
Juventude Relevante, porque juntos somos mais fortes!