Prevista nova intervenção policial na Maré, com operações e uso de câmeras

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Com informações de G1, portal Metrópoles e O Globo 

Publicado em 29/09, atualizado em 02/10 às 11h30

Foto de capa: Naldinho Lourenço

Está previsto para as próximas semanas o início de uma nova intervenção federal na Maré, com operações policiais e uso de tecnologia de vigilância. Segundo informações que vêm circulando por toda a semana, serão homens da Polícia Militar e do Exército executando as ações.

Ocupação das entradas e vigilância

O plano do governo estadual, até então, é colocar homens e veículos da polícia ou do exército nos principais acessos da Maré (Avenida Brasil, Linha Vermelha e Linha Amarela) e na Baía de Guanabara, em algumas favelas. Já no interior da favela poderão ser instaladas câmeras de reconhecimento facial, possibilitando às forças policiais identificar quem circula nas ruas, embora não haja informações de que os policiais e veículos terão também câmeras para que se possa ter acesso público às suas ações.Também já está em curso o uso de drones, em outra ação para filmar e vigiar o interior da favela.

Segundo informações do Portal Metrópoles, serão 200 homens da Força Nacional vigiando as entradas da Maré, enquanto as polícias militar e civil vão entrar diariamente, inclusive para instalar as câmeras de reconhecimento facial.

Operações

As poucas informações até agora divulgadas dizem que não haverá a instalação de bases fixas da polícia na favela, como UPP ou base do Cidade Integrada. A instalação permanente seria das câmeras, e com frequência seriam realizadas operações policiais que, segundo dizem, seriam com mandado para prender pessoas específicas, além da ação com drones. Como se sabe, toda entrada policial gera uma reação e consequente troca de tiros que pode atingir inocentes.

Espera

Durante a manhã de hoje (29) houve uma reunião do governador Cláudio Castro com o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, no Palácio Guanabara, para que se definisse como será a intervenção nas favelas cariocas, mas não há muitas informações concretas. Segundo Cappelli, o ministro Flávio Dino irá lançar na próxima segunda-feira (02) um plano de combate à criminalidade a nível nacional.

Foto: Naldinho Lourenço.
Crítica

Já é de conhecimento geral o fato de que operações policiais não são capazes de “fechar” grupos de criminosos ou facções inteiras, como dizem ser a intenção. Além disso, as incursões de policiais na favela frequentemente geram suas entradas forçadas (sem mandado e sem autorização dos moradores) em casa de morador, provocando ameaças, assédios, agressão verbal ou física e até roubo e furto. Outro fato sobre a operação é que, por mais que se diga que a polícia só vai atrás de quem está no mandado, sabemos que a entrada gera uma reação armada e consequente troca de tiros nas ruas, podendo ferir e até matar quem não está envolvido em um dos dois lados.

Também se faz necessário refletir quem poderá lucrar com as operações, uma vez que circula na ALERJ um projeto que autoriza ao governo do estado do Rio premiar policiais civis e militares com 5 mil reais pela apreensão de um fuzil obtido em operação.

Outro ponto problemático é o reconhecimento facial, já utilizado, por exemplo, em delegacias que guardam fotos de “suspeitos”, muitas vezes retiradas até de redes sociais, para que sejam identificados como criminosos por quem procura o posto policial. Existem numerosos casos em que enganos fizeram com que pessoas fossem apreendidas e até ficassem presas por falso reconhecimento. Com o uso da mesma técnica na Maré, mais inocentes poderão ser presos. 

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