Parceria com Revolusolar irá trazer energia solar para Museu da Maré

Notícias, Utilidade pública

Por Ana Cristina da Silva.

Instituições como o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM) e Museu da Maré vêm há muito tempo levantando questões ambientais em seus encontros e trocas com moradores e moradoras do Conjunto de Favelas da Maré. Neste ano, graças a articulação feita com a Revolusolar e o Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental, um novo passo será dado. Como resultado de uma grande parceria, o Museu da Maré não só pôde realizar oficinas voltadas à educação socioambiental, como também conseguirá atuar com uma formação profissional, passando a utilizar também uma energia limpa e sustentável, graças à instalação de painéis solares que será feita no espaço.

No dia 11 de fevereiro, o Museu organizou um evento para apresentação do seu mais novo projeto com a Revolusolar, uma organização que atua no desenvolvimento sustentável de comunidades através da energia solar. De acordo com Vanessa Albuquerque, responsável por gerenciar o projeto na Maré, a Revolusolar trabalha com três frentes, que chamam de metodologia Ciclo Solar: o Programa de Energia Sustentável, onde há a instalação de painéis solares da usina de energia solar; o Programa de Educação e Cultura, que oferece oficinas para crianças e adolescentes; e o Programa de Formação Profissional que, através de cursos, viabiliza a formação de instaladores solares.

Luiz Antônio, um dos cofundadores do CEASM e Museu da Maré, falou sobre como seria a parceria com a Revolusolar em evento aberto ao público no Museu. Foto: Ana Cristina da Silva.

Comunicadores do Museu e alunos bolsistas FAPERJ participaram das oficinas ministradas pela Revolusolar. Elas aconteceram em três encontros e apresentaram os seguintes módulos: Energia, transição energética e desenvolvimento sustentável e transição energética no território de baixa renda e educomunicação. Foi também a partir desta troca que os jovens FAPERJ criaram desenhos para proposta de logo do projeto na Maré. Durante o evento do dia 11 estes desenhos foram expostos e o público presente pôde ajudar na escolha através de uma votação.

De forma gratuita, também será realizado um programa de formação profissional que terá início em março e se encerrará no final de maio. Parte das aulas irão acontecer no Museu, enquanto algumas outras serão realizadas no Centro do Rio. Seu objetivo é a formação de instaladores solares na região. Com inscrições abertas no Museu da Maré, poderão se inscrever no programa moradores e moradoras da Maré que tenham no mínimo 18 anos de idade. Tendo começado na favela da Babilônia, a Revolusolar já formou mais de 50 moradores de favelas nos cursos de instaladores solares e eletricistas, destacando-se por formar as duas primeiras instaladoras solares de periferia do Brasil.

A votação para a escolha do desenho e nome que serviriam de inspiração para a logo do projeto foi realizada através de uma urna. Foto: Ana Cristina da Silva.

Próximos passos

Buscando compreender um pouco mais sobre as demandas e necessidades relacionadas à energia na favela da Maré, também será realizada uma pesquisa preliminar com moradores do Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro e Conjunto Bento Ribeira Dantas, escolhidos devido à proximidade com o Museu da Maré. O esperado é que um formulário online seja encaminhado e preenchido por pelo menos 100 pessoas no mês de março. O objetivo da pesquisa é compreender a realidade sócio-demográfica da comunidade e a realidade quanto ao grau de regularização de consumo de energia.

Após avaliação, constatou-se que o Museu da Maré, graças a realização de seus tantos eventos, consome bastante energia, entre 750 e 1000 kWh por mês. Pensando nisso, surgiu então a proposta da utilização de energia solar. Assim sendo, nos próximos meses, a Revolusolar irá assessorar a instalação da usina de energia solar no espaço, onde serão instalados 17 painéis solares fotovoltaicos com potência de 9,44 kW com previsão para gerar 999 kWh mensalmente.

Primeiro contato

A ponte entre Museu da Maré e Revolusolar foi criada a partir de Ole Joe, colaborador do Museu. Vindo da Alemanha, Ole participava do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental enquanto fazia trabalho voluntário no Museu. Foi através deste Fórum, cujo é formado por entidades, pastorais e movimentos sociais, que Ole teve seu primeiro contato com a Revolusolar, no ano de 2019. No entanto, devido à pandemia da covid-19, a troca foi interrompida por um tempo, mas não esquecida. “A gente fez de novo o diálogo com a Revolusolar, articulando junto com o fórum. Então surgiu, em uma reunião, a possibilidade de realizar um projeto, mas num sentido de projeto piloto. Aí eu já peguei o gancho e falei ‘ah, como seria energia solar no Museu?’, e eles gostaram”, conta Ole. Desta forma, após muitas reuniões e negociações, tornou-se possível a realização do projeto dentro do Conjunto de Favelas da Maré a partir do Museu.

Da esquerda para a direita: Ole Joe, Cida Araújo e Vanessa Albuquerque. Foto: Ana Cristina da Silva.

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