Preparatório do CEASM abre suas portas e exibe trabalhos dos alunos

Educação, Notícias

Por Carolina Vaz

Foto de capa: Raysa Castro

O curso Preparatório do CEASM, que prepara crianças para o 6º ano do Ensino Fundamental e adolescentes para o Ensino Médio, realizou no último sábado (02) a sétima edição do seu evento anual Preparatório de Portas Abertas. Esse é o momento que educadores e educandos têm de mostrar à comunidade um pouco de seu trabalho, cada um em sua área de atuação. O público presente pôde assistir a várias apresentações e ainda uma competição de robôs construídos no CEASM.

Experimentos e criações

O Prep de Portas Abertas é um evento que valoriza o trabalho manual e a participação dos alunos, tanto na preparação quanto na execução. Um dos que estavam chamando mais atenção no evento era do professor Lucas Bezerra, educador de Química do 9º ano, que preparou um experimento de cromatografia. Ele utilizou álcool 70% e filtros de papel para testar as cores dentro de canetas esferográficas. Segundo sua explicação, o papel pintado de canetinha, quando mergulhado no álcool, vai sofrer um efeito por ser o álcool um elemento muito eletronegativo, que atrai para si os elementos mais fracos. Assim, se a caneta contém uma mistura de tintas o contato com o álcool vai fazer as cores se separarem no papel. As crianças se admiravam em ver o processo químico acontecendo.

O educador Lucas Bezerra levou uma atividade interativa de Química para o público do evento. Foto: Raysa Castro.

Vários trabalhos expostos foram resultado das aulas dos professores. É o caso de “A literatura através dos tempos”, trabalho coordenado pela professora Ana Paula Pereira, que trabalha leitura e escrita com as duas turmas do Prep. Com a turma de 6º ano ela trabalhou as HQs, ou tirinhas, motivando-os a dividir uma pequena história em quadros e utilizando ilustrações. Já com o pessoal do 9º ano Ana Paula trabalhou os gêneros literários, levando autores brasileiros como Machado de Assis e Cora Coralina, e também pediu a eles seus próprios textos, fossem contos, poesias ou ilustrações.

Uma das alunas que se dedicou nesse trabalho foi a Lavinia Beatriz Silva, de 14 anos. Ela escreveu poemas como “Girassol” e “Sem Você”, e contou se inspirar não só nos elementos da natureza como em sentimentos próprios ou de pessoas que conhece. A adolescente, que sonha em ser escritora, viu o trabalho como uma oportunidade de mostrar seus textos.

Lavinia Beatriz (à esquerda) convidou a amiga Evellin Maiara para ilustrar seus poemas. Foto: Raysa Castro.

“Foi muito legal porque eu desenvolvi mais a minha criatividade, é uma maneira de expor o meu trabalho e isso é muito bom, principalmente para a minha carreira no futuro. Eu fico às vezes muito emocionada quando eu penso… eu nunca pensei que eu estaria aqui fazendo isso, cursando e tal, e foi muito legal”.

Lavinia Beatriz Silva
Visões sobre a Maré

Pelo menos três trabalhos em exposição falavam especificamente da Maré e da relação dos alunos com o bairro. Um deles foi “Nossa visão da Maré”, no qual os professores de Geografia Luiz Lourenço e Jessé Bechtluft convidaram os alunos do 9º ano a tirarem fotos que, para eles, representassem a Maré. Houve fotos de paisagens, de pessoas, eventos e locais específicos. Os próprios alunos escolheram legendas para suas fotos. Os educadores ainda utilizaram as imagens para debater os conceitos de território, paisagem, lugar e região em sala de aula.

Fotos dos alunos no trabalho de Geografia. Foto: Raysa Castro.

Quem também motivou os alunos a explorar a história da Maré para seus moradores foi a professora de História Renata Gomes. Na execução do trabalho “Maré: memória e identidade. Valorização de um lugar plural” os alunos tiveram que entrevistar seus familiares, começando pela pergunta “Quem foi a primeira pessoa da família a vir morar na Maré?”, seguindo por mais perguntas como por que esse bairro. Nos cartazes expostos dava para ver as respostas dos parentes com a letra dos alunos.

A professora Renata Gomes com a aluna Ana Luiza Ferreira, que participou da atividade. Foto: Raysa Castro.

Por fim, os entrevistados tinham que relatar uma lembrança boa da Maré, e ela explica: “Justamente para trazer um pouco dessa questão da valorização, de reforçar coisas boas sobre a Maré. Trabalhando em cima desse material a gente foi desconstruindo alguns estigmas e preconceitos que tem em torno da Maré”. A segunda parte do trabalho, então, foi completar a frase “A Maré é exemplo de…” recebendo respostas como luta, humildade e cultura. Depois disso tudo, para a professora foi muito importante que os pais pudessem ir ao evento e conferir tanto as respostas de suas famílias como das demais.

Outro trabalho em exposição mostrou que o ano das crianças e adolescentes do projeto foi muito marcado pela violência no território. No trabalho “Entre a educação e a guerra”, do educador de Redação Pablo Marcelino, imagens recortadas de livros e revistas mostram povos oprimidos, movimentos políticos do século XX que mudaram a História, e por fim retratos da educação, que para eles é a solução contra a violência.

Vários familiares foram conferir as atividades de seus filhos no CEASM, como foi o caso do José Aroldo Mucio, de 48 anos, pai do aluno José Aroldo Junior, da turma de 9º ano. Apesar de trabalhar à noite e ter só o dia para descansar, ele fez questão de atender o pedido do filho: “Quase não deu tempo de vir, mas ele fica preocupado e vai mostrando tudo”. Um dos trabalhos do Junior que podia ser visto era o conto “O estranho caso do Halloween”, atividade da professora Ana Paula Pereira. Ele também tinha fotos expostas no trabalho de Geografia. O pai ficou muito satisfeito de ver as produções do filho e elogiou o projeto: “Esse evento é muito importante, essa escola foi muito importante pra ele. Os professores aqui são excelentes, os diretores… ele aprendeu muito, foi um aprendizado muito bom”, relatou.

José Aroldo Múcio e o filho Junior, motivo de seu orgulho ao visitar o evento. Foto: Raysa Castro.

Batalha de robôs

Para os alunos da turma de 6º ano o ponto alto do dia foi a competição entre robôs executada em parceria com a APDZ Educação, instituição que proporciona materiais e conteúdo para as aulas de robótica do projeto. Os professores Marcos Vinicius Lopes e Mayara Rocha, junto ao representante da APDZ Wallace, explicaram tudo. Com um circuito para percorrer, regras de pontuação e utilizando robôs fabricados pela turma, a competição envolveu dois grupos: o grupo 1 e o grupo 2. Era grande a tensão no ambiente cada vez que um robô tombava ou perdia pontos, e no final o Grupo 1 venceu.

Enquanto a equipe controlava o robô, público assistia atento. Foto: Raysa Castro.

Ana Clara Leite, que controlava o robô na competição, comemorou muito com os colegas Sofia e Fernando. Segundo ela, os alunos já conheciam o aplicativo para controlar os robôs de lego e tinham treinado, mas na hora ela ficou um pouco tensa: “Fiquei nervosa, porque tinha muita gente olhando”. Mesmo assim, cumpriu todas as regras e foi vencedora junto com os colegas.

Ana Clara Leite, vencedora da competição de robôs, com a mãe Maiara Leite. Foto: Raysa Castro.

O final do evento marcou, também, o final do ano letivo do Curso Preparatório, restando as amizades, as boas memórias e o aprendizado adquirido que em breve vai se refletir nas aprovações de processos seletivos. Para a aluna Lavinia Beatriz, o curso marcou o ano de 2023: “Conhecer o Preparatório foi uma experiência maravilhosa. Eu adorei tudo aqui, as pessoas me acolheram de uma forma muito boa e foi uma experiência que eu vou levar pra minha vida toda. Independente de passar pra uma escola ou não, eu vou levar dentro do meu coração”.

Equipe de educadores e coordenação do curso. Foto: Raysa Castro.
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