Bate papo sobre as remoções no mundo

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O Fórum Popular de Apoio Mútuo, que articula moradores de favelas, de espaços populares e apoiadores, realizou na sexta-feira, dia 21/03 a atividade “Istambul resiste”, onde assistimos e discutimos o documentário “Taksim Commune” que em 30 minutos de filme trata dos protestos nas ruas e praças de Istambul em 2013. A partir de depoimentos e imagens dos protestos reprimidos de maneira muito violenta pelo lado do Estado ganhamos uma ideia de similaridades e diferenças com recentes ondas de processo aqui no Brasil. A luta nas ruas si por um lado expressa a raiva e indignação com a permanente crise dos sistemas econômico e político nos quais vivemos, por outro lado não necessariamente levou aos ganhos materiais reivindicados. Se em um momento o aumento aqui no Brasil é revogado, em outro momento já vem outro aumento (para R$ 3,00 no caso dos ônibus municipais do Rio de Janeiro).

No caso da Turquia, poucos avanços de fato foram conquistados diante de um governo autoritário e repressor que acabou de proibir o uso da rede social twitter, mas ao mesmo tempo a experiência de atuar coletivamente nas ruas, de conviver durante dias na praça Taksim superando diferenças de natureza cultural e econômica, marcou os protagonistas do processo e deve, como consta o filme, marcar a cultura política do país e de seus cidadãos para durante anos. No caso do Brasil, conforme a troca dos participantes provindo de diversos países e diversos lugares da cidade e do país tivemos alguns ganhos materiais e greves em seguida, como dos professores do município ou dos garis que levaram à melhoria das condições de vida dos trabalhadores, mas o quadro geral é de um aumento da repressão e violência contra o povo.
Os dois companheiros de Berlim que trouxeram o filme também apresentaram uma reportagem breve e uma remoção violenta da cidade de Berlim. Tem-se por lá uma média de 22 remoções por dia e muitas vezes não sequer a um grito de socorro que seja ouvido. Mas quando a vizinhança se solidariza com os moradores a serem expulsos com o apoio de movimentos sociais contra o despejo o processo ganha visibilidade. Resultados do processo de gentrificação, que resulta no aumento do custo de vida e dos aluguéis, levam a famílias a não conseguirem mais pagar suas contas e seus aluguéis. O estado que defende o lei da propriedade usa sua força policial para tirar estas pessoas de suas moradias e muito dos antigos têm que deixar seus bairros. Conhecemos este processo aqui do Rio, a chamada remoção branca, que expulsa através do aumento do preços, mas admitimos no debate que acreditávamos que na Alemanha não tivesse um problema tão parecido. E de fato, como informaram os companheiros, tem direito de quem aluga um imóvel bastante bem elaborados para proteger inquilinos, mas em último caso o direito è propriedade fala mais alto e quem não consegue pagar tem que vazar.

Esperemos poder realizar mais atividades de troca para cada vez melhor compreender os processos de resistência que movem milhões de cidadãos comuns pelo mundo.

Istambul resiste, favela resiste. Viva a luta popular.

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