Mareenses recebem o candidato Fernando Haddad

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Centenas de mareenses e pessoas de outras partes do Rio de Janeiro participaram, no dia 23 de outubro, de um encontro com o candidato à presidência Fernando Haddad (PT), no Centro de Artes da Maré, na Nova Holanda. Haddad chegou acompanhado da vice, Manuela D’Avila, as deputadas federais Benedita da Silva e Jandira Feghali, além das futuras deputadas estaduais Mônica Francisco e Renata Souza, mareense moradora da Nova Holanda. O evento contou com falas de representantes de movimentos sociais, apresentando suas demandas para o candidato, homenagem a Marielle Franco e falas de Haddad e Manuela sobre as prioridades para as favelas. A apresentação foi de Mariane Soares, moradora e militante da Maré.

Protagonismo das favelas

Tiveram voz no encontro com o candidato mães que perderam seus filhos para a violência do Estado, como Bruna da Silva, mãe de Marcos Vinícius, assassinado próximo à sua escola em junho deste ano. Ela criticou a proposta do outro candidato, Jair Bolsonaro, de facilitar o acesso a armas de fogo: “Eu sou vítima de arma de fogo. O meu filho foi morto, aos 14 anos de idade, com roupa e material de escola. Ele estava no lugar certo na hora certa. A culpa não é nossa, a culpa não foi do meu filho, a culpa foi da polícia”, afirmou. A candidata à vice-presidência, Manuela D’Avila, também comentou a questão das armas: “Nós vamos vencer porque nós temos um professor presidente. Tirem a arma das mãos das nossas crianças e coloquem um lápis, um livro. Tirem o ódio dos corações e coloquem amor”.

Jota Marques, educador da Cidade de Deus, fez uma fala defendendo a liberdade dos movimentos sociais e manifestou sua rejeição ao candidato da oposição: “Nós temos o direito da união, temos o direito da reunião, nós temos o direito de atravessar esse país, porque são os nossos corpos que constroem o Brasil. Nós temos potência, cultura, educação, e dizemos ele não”. Débora, representante da Frente Favela Brasil, também expressou o apoio do movimento à candidatura de Haddad e convocou os presentes a conquistarem mais votos para o candidato: “Nós estamos aqui na luta e temos que virar esse voto porque a nossa vida depende disso”.

O evento também teve participação de MC Martina, representante do Complexo do Alemão, que fez uma rima falando sobre conviver com a violência, a ocupação militar do Alemão em 2010 e do quanto as pessoas esquecem rapidamente assassinatos de jovens periféricos, como Eduarda, o próprio Marcos Vinícius e os cinco jovens de Costa Barros.

Haddad e Manuela D’Ávila ainda receberam da organização placas de rua em homenagem a Marielle Franco, aos gritos de “Marielle presente” e “Anderson presente”. A candidata à vice-presidência comentou o risco que se apresenta para as minorias caso a oposição vença as eleições: “Eu e o Haddad somos a chapa da vida. Porque esse segundo turno é sobre democracia e liberdade, mas para as mulheres, para os negros e negras, para a população de periferia, é sobre vida”.

Centenas de mareenses foram conferir as propostas do candidato no Centro de Artes da Maré. Foto: Carolina Vaz

Educação e cultura para o povo periférico

Fernando Haddad, que foi Ministro da Educação entre os anos de 2005 e 2012, comentou a importância de promover educação para o povo favelado: “Quando a gente abre oportunidade pra juventude da periferia, essa juventude agarra essa oportunidade e transforma a sua vida e de suas famílias. São milhões de jovens que pelo SISU, pelo PROUNI, pelo ENEM, pelo FIES, conseguiram conquistar o primeiro diploma da família. Esse estudante que chegou lá não beneficia só a si próprio, ele acaba beneficiando toda a comunidade. Vocês sabem que cada um de vocês que chegou na universidade mostrou para a família e os vizinhos a seguinte mensagem: depende da gente agora. Tem oportunidade. Vale o esforço”. Segundo Haddad, é a distribuição de oportunidades que acaba com a violência, a injustiça e a desigualdade, com foco na educação e no trabalho: “Se todo mundo tiver uma carteira de trabalho numa mão e um livro na outra, o problema do Brasil está resolvido, porque é o desemprego e a falta de oportunidades que faz as pessoas às vezes se desesperarem”.

Foto: obrasilfelizdenovo.com

Ele ainda apresentou a proposta de valorizar os projetos e ações culturais de origem na favela: “O samba nasceu na comunidade, o hip hop nasceu na comunidade. A cultura da favela é muito importante desde sempre, mas o dinheiro público não chega na favela para apoiar cultura, embora a cultura esteja sendo produzida nas favelas. O dinheiro chega nos centros das cidades. Eu vou levar pra Brasília o que eu fiz em São Paulo. Eu carimbei uma verba do orçamento pra financiar projetos da periferia de São Paulo. É só lá que o dinheiro chega, os projetos têm que ser apresentados por moradores. Isso fez brotar uma enorme gama de coletivos em toda as áreas da cultura, que é uma área que gera muitos empregos”.

O evento teve transmissão ao vivo e pode ser conferido, na íntegra, neste link.

 

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