Dance Maré realiza aula aberta para moradores

Cultura, Geral

Texto e fotos por Raysa Castro

Colaboração: Carolina Vaz

No último final de semana, o grupo Dance Maré, formado por jovens moradores de várias favelas do bairro, realizou seu primeiro workshop de dança aberto ao público, no Centro de Artes da Maré (CAM). O Dance Maré Day atraiu dezenas de pessoas, tanto mareenses quanto de fora, e apresentou ritmos variados.

Em comemoração aos 4 anos de formação do grupo, a atividade foi realizada durante dois dias consecutivos, no sábado (10) e domingo (11), e contou com a presença de seis professores para a formação dos participantes. Os interessados se inscreveram de forma online dias antes, e foram recebidos pelo grupo Dance Maré com garrafinhas personalizadas, lanche e uma linda decoração no Centro de Artes. 

Atividade aconteceu no Centro de Artes da Maré (CAM).

Segundo um dos membros, Raphael Vicente, a ideia foi ofertar uma atividade muito rara na favela, que é o workshop de dança, já frequentado por ele e outros do grupo em outros bairros: “A gente pensou muito nisso, que as pessoas que não tivessem experiência com a dança pudessem ir no dia, que esse evento pudesse aproximar elas. A gente ficou muito alegre, porque foi muita gente, teve uma troca muito legal e a gente ainda pôde contar com a ajuda de professores antigos do grupo”. Taylon Araujo também destacou a felicidade de poder unir as pessoas numa atividade inédita: “O workshop é uma coisa que a gente vê pouco aqui na favela, a gente vê mais na zona sul, onde as pessoas são majoritariamente brancas e têm mais privilégios. Para a gente é muito difícil ter uma coisa gratuita, com tantas opções de professores e estilos diversos, e com qualidade”.

Alunos eram motivados pelos membros do Dance Maré.

A aula inaugural de sábado foi com a dançarina e professora de hip-hop Joyce Sant’anna, seguida de uma aula energizante de funk carioca com o cria Roberto Soli, e a última aula com a performer de vogue Kill Bill, cria da Maré. No domingo, as aulas foram de afro-contemporâneo com Gabriela Luiz, samba com João Vitor e jazz funk com o coreógrafo PH Martins. O evento recebeu a inscrição de cerca de 250 pessoas, e a equipe do Dance Maré precisou selecionar apenas 70 para que todo mundo coubesse no espaço. Nessa seleção os moradores foram priorizados, e acabou compondo um grupo dos 13 aos 60 anos de idade. O próximo evento, segundo eles, será num espaço maior, possivelmente fora da Maré. Para Maryana Oliveira, do Dance Maré, o workshop foi muito gratificante pelo espírito de grupo que se formou: “Foi uma energia, um ambiente muito acolhedor. Eu não senti nenhuma competitividade entre as pessoas, eu percebi que quando a favela está junta, as pessoas pretas estão juntas, elas tendem a se unir. Era muito fofo ver o pessoal falando ‘vai lá fulana, dança lá’”.

Ritmos diversos foram ensinados nos dois dias de evento.

Os integrantes do grupo são em grande maioria da Maré. Além de Raphael, Maryana e Taylon, também compõem o Dance Maré Yago Melo, Débora Lima, Mariane Silva, Maddu Reis e João Victor. São dançarinos da favela que resolveram criar o coletivo por terem encontrado em comum a paixão pela dança. Eles produzem coreografias que costumam ficar disponíveis no instagram do coletivo: @dancemareoficial. A mais famosa delas, até hoje, é a da música Waka Waka, gravada durante a Copa de 2022, e chegou a atrair a atenção até de sua cantora original, Shakira. O evento do último final de semana foi o primeiro do grupo, e a ideia é dar continuidade a mais momentos como esse, trazendo a dança para quem deseja praticar. 

Evento reuniu moradores e não moradores para dançar. Foto: Arquivo de Maddu Reis.

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